Como já tive oportunidade de contar por aqui, na minha família nunca houve uma grande tradição natalícia. Seja porque a família não conseguia estar toda junta sentada à mesa de Natal (em virtude das profissões que tinham implicar trabalho por turnos). Seja porque a minha avó centralizou sempre tudo e de todos os descendentes serei das poucas a ter interesse em alguma da pouca herança culinária que um dia morrerá com a minha avó. Se a tudo isto juntarmos o fato de as receitas estarem registadas apenas na cabeça da minha avó, conseguem imaginar a dificuldade que é conseguir fazer perdurar essa herança.
De tudo isto, há uma coisa que todos os anos havia – filhós/filhoses. Posso mesmo dizer que era a única constante. Claro, também havia bacalhau cozido com couves e polvo frito com arroz do mesmo. Mas é a receita das filhós/filhoses que tanto mistério encerra para mim.
Há 4 anos que a tento replicar. Porque a minha avó tentou passar-me a receita, mas com quantidades que só existem na cabeça dela… “oh filha, juntas isto e aquilo até veres que a massa está assim ou assado”. No primeiro ano, esqueceu-se de me dizer que levava abóbora. No segundo ano, inclui a abóbora, mas parece que também faltava aguardente e azeite. No terceiro ano, ficaram insossas. E finalmente neste ano parece que ficaram no ponto. Confesso que fiquei orgulhosa. Especialmente porque quem as fez quase em exclusivo foi o sous-chef. Eu dei as indicações, ele amassou e fritou e eu pus o açúcar e a canela. E confesso que quase me senti numa máquina do tempo, naqueles tempos em que a minha avó passava um dia inteiro a amassar e a fritar, a tender filhós/filhoses no joelho e eu a ajudar a por o açúcar e a canela e a comer algumas ainda quentinhas. Hummmm….. E depois eram distribuídas generosamente pela família e por algumas vizinhas. E claro, fiz o mesmo……. E ainda que tenha feito mais de 60, a verdade é que foi num instantinho enquanto se evaporaram. E tal como previa, não chegaram ao dia de Natal. O que só pode ser um bom sinal.
É com esta receita mais que apurada que participo na 8ª edição do “Dia um… Na Cozinha!”. Com a mais tradicional das receitas da minha família. Uma relíquia. Espero que gostem.
Nota: no outro dia disseram na TV que o plural de filhós era filhós. Fiquei um cadinho surpreendida porque sempre ouvi o termo filhoses. E como lá por casa se chamam filhoses, acabei por neste post colocar os dois termos.
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Filhós/Filhoses da minha avó
[fez 64]
Ingredientes:
- 400 gr de abóbora cozinhada
- 60 gr de azeite
- raspa de 1 laranja (só a parte amarela)
- sumo de meia laranja
- 6 ovos L
- 50 gr de fermento de padeiro
- 25 gr de aguardente
- 1.400 gr de farinha T65
- óleo qb para fritar
- açúcar e canela qb para polvilhar
- sal fino (10 gr + ou -)
Preparação:
Cozinhe a abóbora. Normalmente a abóbora é cozida e bem escorrida. Este ano optei por colocá-la no forno, a 200º, polvilhada com canela e raspa de limão, cerca de 45 minutos. Acho que fica com menos água e mais saborosa, mas faça como lhe der mais jeito. Depois de cozida, esmague grosseiramente com um garfo e deixe arrefecer.
Num recipiente coloque a farinha e o sal e faça no centro um buraco. Deite no centro os ingredientes líquidos (ovos, azeite, aguardente, sumo de laranja, raspa de laranja e o fermento desfeito num pouco do sumo da laranja) e a abóbora. Vá juntando a farinha para o centro e amasse bem até que a massa esteja elástica e não cole.
Deixe levedar até que dobre de tamanho num recipiente tapado (demorou cerca de 1 hora).
Numa fritadeira larga coloque cerca de 2 litros e meio de óleo e deixe aquecer (com o termómetro, esperei que atingisse os 180º). Para ver se o óleo está à temperatura certa, tire um pouco de massa, estique e coloque no óleo. Se a filhós for abaixo e voltar ao cimo, é porque está bom.
Para tender as filhós/filhoses a minha avó colocava um pano de algodão sobre o joelho e com pedacinhos de massa tendia as filhoses até ficarem bem esticadinhas. Se não quiser fazer assim, basta que estique com os dedos do tamanho que pretender fazer. Basta 30 segundos de cada lado e deixe escorrer sobre papel absorvente. Se a temperatura do óleo estiver boa, ficam praticamente sequinhas.
Ainda quentes polvilhe com um pouco de açúcar misturado com canela e tire o excesso. Coloque num recipiente tapado para durarem mais tempo.
Alternativa de Preparação:
Cozinhe a abóbora. Normalmente a abóbora é cozida e bem escorrida. Este ano optei por colocá-la no forno, a 200º, polvilhada com canela e raspa de limão, cerca de 45 minutos. Acho que fica com menos água e mais saborosa, mas faça como lhe der mais jeito. Depois de cozida, esmague grosseiramente com um garfo e deixe arrefecer.
Num recipiente coloque todos os ingredientes, excepto a farinha e bata bem com as varas para massa. Vá juntando a farinha aos poucos e amasse bem até que a massa esteja elástica e não cole.
Deixe levedar até que dobre de tamanho num recipiente tapado (demorou cerca de 1 hora).
Numa fritadeira larga coloque cerca de 2 litros e meio de óleo e deixe aquecer (com o termómetro, esperei que atingisse os 180º). Para ver se o óleo está à temperatura certa, tire um pouco de massa, estique e coloque no óleo. Se a filhós for abaixo e voltar ao cimo, é porque está bom.
Para tender as filhós/filhoses a minha avó colocava um pano de algodão sobre o joelho e com pedacinhos de massa tendia as filhoses até ficarem bem esticadinhas. Se não quiser fazer assim, basta que estique com os dedos do tamanho que pretender fazer. Basta 30 segundos de cada lado e deixe escorrer sobre papel absorvente. Se a temperatura do óleo estiver boa, ficam praticamente sequinhas.
Ainda quentes polvilhe com um pouco de açúcar misturado com canela e tire o excesso. Coloque num recipiente tapado para durarem mais tempo.
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Olá Sónia: que bela receita ,ainda por cima , de família!! Hummm, ainda sabem melhor,não é? ( Antes de mais fui verificar a palavra "filhós" e aqui está o que diz a wikipédia:Uma filhó (plural filhós) ou filhós (plural filhoses) ). Gostei imenso desta tua participação.
ResponderEliminarBjn e feliz ano novo
Márcia
Sim, as receitas assim têm um gosto especial! :)
ResponderEliminarBeijinhos e um excelente 2014,
http://madamexicaras.blogspot.pt/
Que belo aspecto!
ResponderEliminarUm ano novo recheado de coisas boas!
Beijinhos,
http://sudelicia.blogspot.pt/
Ficaram lindas! Sei bem do que falas com estas receitas passadas de memória, ainda bem que conseguiste acertar! ;)
ResponderEliminarBeijinhos e bom ano!
Gostei tanto do teu texto! Também gosto de filhós mas como a minha família é do Norte nunca houve esse hábito lá em casa. As tuas têm um aspecto delicioso :)
ResponderEliminarQuanto ao português, acho que o singular é filhó, e o plural filhoses.
Beijinhos e um bom ano.
Cá por casa existem várias tradições natalícias, principalmente a nível culinário.
ResponderEliminarGostei bastante das tuas filhós, bem apetitosas!
Bom Ano Novo!
Que seja bem próspero e carregado de saúde e felicidade :)
Gostei muito das tuas filhoses, aqui por casa era mais usual os coscorões que a minha avó também, tal como a tua, fazia :) Também sempre gostei muito destas assim mais "carnudas" :) e as tuas ficaram bem apetitosas !
ResponderEliminarBeijinho doce amiga e feliz 2014!
Que delicia de filhoses... bem apetitosas e estaladiças!
ResponderEliminarExcelente participação!
Bjs e bom 2014!
Olá Sónia!
ResponderEliminarNada como uma receita de familia para impressionar. Eu adoro este tipo de filhoses, gosto da textura e do sabor de contraste da massa com o açúcar e a canela. E ainda bem que foste tentando reproduzir a receita ao longo destes anos e, finalmente, atingiste a perfeição, pois ficaram uns filhoses muito tentadores e que ficam bem em qualquer mesa de Natal.
Beijinho e votos de um Feliz Ano Novo!
Ficaram maravilhosas as tuas filhoses, Sónia!
ResponderEliminarBeijinhos
Olá Sónia
ResponderEliminarEstás como eu, as receitas da minha avó só ela é que as tinha na cabeça, infelizmente eu já não tenho a minha avó para me dar as quantidades nem se sejam a olho :-(
Estas tuas filhoses (eu também sempre ouvi assim) são muito parecidas ás da minha avó que eu também já tentei fazer, de sabor até ficaram parecidas, mas a massa nem por isso, ela levava cerca de 1h a amassar á mão :-) depois ela espalhava a massa com as mãos molhadas, as tua são em cima do pano humido :-)
tão giro como as tradições são diferentes mas tão parecidas :-)
Gostei muito do teu texto e filhoses que me fizeram voltar ás minhas lembranças de menina com a minha avó
Beijokas e um bom ano
Nunca fiz com abóbora! Mas, ficaram com ótimo aspecto!
ResponderEliminarVotos de ano repleto de saúde, paz, amor e muito sucesso!
bjs
Olá, Sónia.
ResponderEliminarDeixa dizer-te que o doce que mais gosto nesta quadra natalícia são precisamente as filhoses! (sim...eu digo 1 filhós, duas filhoses, mai nada!)
Quem as tem feito desde que me lembro é a minha avó G e são deliciosas! Nunca fiz porque ela sempre fez questão de as fazer...mas vou ter que aprender! Contudo as tuas levam abóbora e as dela não.
Adorei a história e receita...estão com aspecto encantador!
Feliz 2014!
Beijinhos
Sílvia
http://bocadinhosdeacucar.blogspot.pt
Estão bem lindas e devem ser uma delicia e sabem tão bem nestas épocas festivas.
ResponderEliminarUm bom ano com muito amor, saúde e paz.
Beijinhos
Oh meu Deus que aspecto tão bom Sónia!
ResponderEliminarAdorei mesmo!
Beijinhos
Lúcia
Adoro e estão magnificas!
ResponderEliminarBom ano 2014, bjs
Susana
A minha mãe também fazia filhoses assim :) Hmmmm que saudades que me deu. Ficaram lindas! Beijocas :)
ResponderEliminarMuito bonitas, Sónia, é bom tentarmos retomar tradições! Beijo grande.
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